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Дата выпуска: 21.12.2023
Возрастные ограничения: 18+
Язык песни: Португальский
Diário de um Detento |
So Paulo, dia primeiro de outubro de 1992, oito horas da manh.\nAqui estou, mais um dia\nSob olhar sanguinrio do vigia\nVoc no sabe como caminhar com a cabea na mira de uma HK\nMetralhadora alem ou de Israel\nEstraalha ladro que nem papel\nNa muralha em p\nMais um cidado Jos\nServindo o Estado, um PM bom\nPassa fome, metido a Charles Bronson\nEle sabe o que eu desejo, sabe o que eu penso\nO dia t chuvoso, o clima t tenso\nVrios tentaram fugir, eu tambm quero\nMas de um a cem, a minha chance zero\nSer que Deus ouviu minha orao?\nSer que o juiz aceitou minha apelao?\nManda um recado l pro meu irmo:\nSe tiver usando droga t ruim na minha mo\nEle ainda t com aquela mina?\nPode cr, o moleque gente fina\nTirei um dia a menos ou um dia a mais\nSei l, tanto faz, os dias so iguais\nAcendo um cigarro vejo o dia passar\nMato o tempo pra ele no me matar\nHomem homem, mulher mulher, estrupador diferente, n?\nToma soco toda hora, ajoelha e beija os ps\nE sangra at morrer na rua 10\nCada detento uma me, uma crena\nCada crime uma sentena\nCada sentena um motivo, uma histria de lgrima, sangue, vidas e\nglrias\nAbandono, misria, dio, sofrimento, desprezo, desiluso, ao do\ntempo\nMisture bem essa qumica, pronto: fiz um novo detento\nLamentos no corredor, na cela, no ptio, ao redor do campo, em todos\nos cantos\nMas eu conheo o sistema, meu irmo, aqui no tem santo\nRatatat, preciso evitar que um safado faa minha me chorar\nMinha palavra de hora me protege\nPra viver no pas das calas bege\nTic-tac, ainda nove e quarenta\nO relgio na cadeia anda em cmera lenta\nRatatat, mais um metr vai passar\nCom gente de bem, apressada, catlica\nLendo jornal, satisfeita, hipcrita\nCom raiva por dentro, a caminho do centro\nOlhando pra c, curiosos lgico\nNo, no no. No o zoolgico\nMinha vida no tanto valor\nQuanto seu celular, seu computador\nHoje, t difcil, no sai o sol\nNo tem visita, no tem futebol\nAlguns companheiros tem a mente mais fraca\nNo suporta o tdio, arruma quiaca\nGraa a Deus e Virgem Maria\nFaltam s um ano, trs meses e uns dias\nTem uma cela l em cima fechada desde Tera-feira\nNingum abra pra nada\nS o cheiro de morte pinho sol\nUm preso se enforcou com o lenol\nQual que foi? Quem sabe? No conta\nIa tirar mais uns seis de ponta a ponta\nNada deixe um homem mais doente\nDo que o abandono dos parentes\nA moleque, me diz ento? C que o qu?\nA vaga t l esperando voc\nPega todos os seus artigos importados\nSeu Currriculum no crime e limpa o rabo\nA vida bandida sem futuro\nA sua cara fica branca desse lado do muro\nJ ouviu falar de Lcifer que veio do inferno com moral um dia?\nNo Carandiru no, ele s mais um comendo rango azedo com pneumonia\nAqui tem mano de Osasoco, do Jardim D’Abril\nParelheiros, Moji, Jardim Brasil\nBela Vista, Jardim ngela, Helipolis\nItapevi, Paraispolis\nLadro sangue bom, tem moral na quebrada\nMas pro Estado, s mais um nmero, mais nada\nNove Pavilhes, sete mil homens que custam trezentos reais por ms\ncada\nNa ltima visita, neguinho veio a\nTrouxe umas frutas, Marlboro, Free\nLigou que um pilantra l da rea voltou\nCom Kadett vermelho, placa de Salvador\nPagando de gato, ele xinga, ele abusa\nCom uma 9 milmetros debaixo da blusa\nA, neguinho vem c, e os manos onde que t?\nLembra desse cururu que tentou me matar?\n«Aquele puto ganso, pilantra corno manso\nFicava muito louco e deixava a mina s\nA mina era virgem, ainda era menor\nAgora faz chupeta em troca de p»\nEsses papo me incomoda\nSe eu t na rua foda …\n«, o muda roda, ele pode vir pra c … «No, j, j, meu processo t a\nEu quero mudar, eu quero sair\nSe eu trombo esse fulano … no tem p, no tem pum, vou ter que\nassinar o 121\nAmanheceu com sol, dois de outubro\nTudo funcionando, limpeza jumbo\nDe madrugada eu senti um calafrio\nNo era do vento, no era do frio\nAcerto de conta tem quase todo dia\nIa Ter outro logo mais, eu sabia\nLealdade o que todo preso tenta\nConseguir, a paz, de forma violenta\nSe um salafrrio sacanear algum\nLeva ponto na cara igual Frankstein\nFumaa na janela, tem fogo na cela\nFudeu, foi alm, … se p, tem refm\nNa maioria, se deixou envolver\nPor uns cinco ou seis que no tem nada a perder\nDois ladres considerados comearam a discutir\nMas no imaginavam o que estaria por vir\nTraficantes, homicidas, estelionatrios\nUma maioria de moleque primrio\nEra a brecha que o sistema queria\nAvise o IML, chegou o grande dia\nDependo do sim ou no de um s homem\nQue prefere ser neutro pelo telefone\nRatatat caviar e champanhe\nFleury foi almoar que se foda minha me\nCachorros assassinos, gs lacrimogneo …\nQuem mata mais ladro ganha medalha de prmio\nO ser humano descartvel no Brasil\nCom mdes usado ou Bombril\nCadeia? Claro que o sistema no quis\nEsconde o que a novela no diz\nRatatat, sangue jorra como gua\nDo ouvido, da boca e nariz\nO Senhor meu pastor … perdoe o que seu filho fez\nMorreu de bruos no Salmo 23\nSem padre, sem reprter, sem arma, sem socorro\nVai pegar HIV na boca do cachorro\nCadveres no poo, no ptio interno\nAdolph Hitler sorri no inferno\nO Robocop do governo frio, no sente pena\nS dio e ri como a hiena\nRatatat, Fleury e sua gangue\nVo nadar numa piscina de sangue\nMas quem vai acreditar no meu depoimento?\nDia trs de outubro, dirio de um detento |